Era agosto de 1991. Estava no Caminho de Santiago percorrendo a trilha no norte da Espanha. Tinha como companheiros três rapazes de Madri e um outro rapaz de Porto-Rico.
Eles caminhavam um pouco mais à minha frente e, num determinado momento, reparei que eles dispararam e faziam sinal para q eu corresse.
Não estava entendendo o que falavam, como poderia correr com estúpidos 9 kg de peso na mochila (não sabia ainda que deveria carregar somente 10% do meu peso corporal). Não precisei mais que alguns segundos para perceber que estava cercada por 4 (quatro) lobos.
GELEI!
Se correr, não aguentaria e eles me alcançariam logo. Não pareciam agressivos, ou eu não quis ver isso. Pensei: eles sentem o cheiro de quando temos medo, devem sentir também que não como carne, não sou predadora.
Respirei fundo, mantive meu ritmo de caminhada e comecei a CANTAR mantendo o ritmo c meu cajado. Pensei, vou mostrar a eles quem é o líder.
Cantei diversas canções seguidas pelos “lobos”. Eu me sentia pastoreando eles.. rsrsrsrs.
Depois de uns 15 minutos, avistei os “rapazes” sentados me esperando com a consciência pesada mas também sem coragem de voltar para saber o que podia ter me acontecido.
Parei, olhei para cada um dos quatro lobos e falei com voz de comando:
- Agora vocês fiquem aqui por que aqueles lá tem medo! Adorei a companhia, vocês me ajudaram muito. Fiquem!
Acenei com o cajado e, creiam, eles obedeceram.
Aprendi:
- que o medo é maior na imaginação,
- na dúvida, no medo ou na dor, simplesmente CANTE e,
- se te abandonarem com os lobos, volte LIDERANDO a matilha.