Há dois anos, vivi o momento mais triste de toda a minha vida. Dizer para meu filho que o pai dele havia falecido. A pior dor do mundo é ver um filho sofrer e ele sofreu demais. Tinha somente 11 anos e uma relação intensa de amor e carinho entre os dois.
Passados o susto e o choque, ele pediu que reunisse as pessoas que ele mais gostava. Alguns primos e tios, e fomos jantar no restaurante preferido do pai. Fomos todos pra lá. Ele pediu uma coca zero (a preferida do pai) e num momento que lembro com muita emoção, ele pediu que todos fizessem um brinde a “vida” de Marcelo Voss. Eu olhei para meu filho sem saber diante de quem eu estava e de onde saía tanta consciência e tanta compreensão.
Os dias seguintes foram difíceis, isolamento, alguma revolta, compreensão, aceitação... e meu menino amadurecia rápido demais para conviver com tamanha dor.
Ontem, completou dois anos. Ele tinha provas na escola e, por ironia, matemática, que o pai dominava,... Eu estudei com ele e fiquei feliz. Não comemoramos num jantar, precisávamos estudar. E eu adorei ter podido viver esse papel.
Quando ele deitou para dormir me pediu: “Mãe, eu não quero mais ir à aula nesse dia, mesmo que tenha prova eu faço 2ª chamada. Esse dia vai ser sempre um feriado pra mim. Quero só pensar no meu pai e lembrar o que fazíamos juntos.”
Isso! Todos nós temos esses dias que nos reporta a algum momento marcante do passado e o que meu filho sintetizou foi um respeito a uma dor que é insubstituível. Precisamos identificar nossos feriados pessoais, respeitar nossas dores, arrumá-las internamente para que a vida flua mais fácil e com menos cobrança, sem traumas. Viver nosso processo. Nomear nossos feriados pessoais como oportunidade de repensar nossa vida e nossos sentimentos.
Um brinde ao Klaus, meu mestre, meu exemplo,meu filho, minha vida.
É muito merecimento de Deus ser sua mãe. Obrigada sempre.